
Nos últimos anos, medicamentos originalmente desenvolvidos para o tratamento do diabetes tipo 2 têm ganhado destaque por seus efeitos colaterais benéficos na perda de peso. Entre eles, o Ozempic, produzido pela Novo Nordisk, e o Mounjaro, desenvolvido pela Eli Lilly, têm se destacado no cenário médico.
Esses medicamentos, embora similares em alguns aspectos, apresentam diferenças significativas em sua composição, mecanismo de ação e eficácia, especialmente no que diz respeito à perda de peso.
Pensando nisso, veja a seguir as características de ambos, suas diferenças, benefícios, riscos, e a importância de abordagens complementares, como a reeducação alimentar e a prática de exercícios físicos, para um emagrecimento saudável e sustentável.
O que é o Ozempic?
O Ozempic é um medicamento amplamente utilizado para o controle do diabetes tipo 2. Seu principal componente ativo é a semaglutida, um análogo do hormônio GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon-1). O GLP-1 é um hormônio intestinal liberado após as refeições, que estimula a secreção de insulina pelo pâncreas, ajudando a regular os níveis de glicose no sangue. Além disso, a semaglutida desacelera o esvaziamento gástrico, o que reduz o apetite e promove a saciedade, contribuindo para a perda de peso.
A semaglutida age imitando o GLP-1, o que resulta em benefícios duplos: controle glicêmico e redução de peso. No Brasil, o Ozempic é aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) exclusivamente para o tratamento do diabetes tipo 2. No entanto, outro medicamento com semaglutida, o Wegovy, foi aprovado para o tratamento da obesidade, com uma dosagem ajustada para maximizar a perda de peso.
O que é o Mounjaro?
O Mounjaro, aprovado pela Anvisa em outubro de 2023, é um medicamento mais recente para o tratamento do diabetes tipo 2. Ele contém tirzepatida, uma molécula inovadora que atua como agonista dupla dos receptores de GLP-1 e GIP (polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose). Essa ação dupla é o que diferencia o Mounjaro do Ozempic, pois estimula simultaneamente dois hormônios intestinais, potencializando seus efeitos no controle glicêmico e na perda de peso.
De acordo com a endocrinologista Tassiane Alvarenga, da Universidade de São Paulo (USP), o GIP é responsável por cerca de dois terços da secreção de insulina induzida por hormônios intestinais, o que torna a tirzepatida mais eficaz do que a semaglutida em alguns aspectos. Além disso, a tirzepatida mantém a taxa metabólica e promove a perda de gordura de forma mais consistente, independentemente da ingestão calórica, o que contribui para sua maior eficácia na redução de peso.
Diferenças na Composição e Mecanismo de Ação
A principal diferença entre o Ozempic e o Mounjaro reside em suas composições e mecanismos de ação:
- Ozempic (Semaglutida): Atua exclusivamente como agonista do receptor GLP-1. Isso promove a liberação de insulina, reduz a secreção de glucagon (um hormônio que eleva os níveis de glicose no sangue) e desacelera o esvaziamento gástrico, o que leva à redução do apetite. O efeito de saciedade é temporário, ligado principalmente à diminuição da velocidade com que os alimentos passam pelo estômago.
- Mounjaro (Tirzepatida): Atua como agonista duplo dos receptores GLP-1 e GIP. Essa ação dupla resulta em uma sinergia que amplia a liberação de insulina e a supressão do glucagon, além de promover uma sensação de saciedade mais prolongada. A endocrinologista Tarissa Petry, do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, explica que a estimulação simultânea desses dois receptores resulta em maior eficácia no controle glicêmico e na perda de peso.
A tirzepatida, ao estimular o receptor GIP, também parece influenciar o metabolismo de forma mais ampla, mantendo a queima de gordura mesmo em cenários de baixa ingestão calórica. Isso explica por que o Mounjaro tem se mostrado mais eficaz em estudos clínicos voltados para a perda de peso.

Evidências Clínicas: Comparando a Eficácia
Estudos clínicos têm demonstrado diferenças significativas na eficácia do Ozempic e do Mounjaro, especialmente no que diz respeito à perda de peso. Um estudo conduzido pela Truveta Research, publicado em novembro de 2023, comparou os dois medicamentos em adultos com sobrepeso e obesidade. Os resultados indicaram que os usuários de Mounjaro (tirzepatida) apresentaram taxas de perda de peso superiores em todos os períodos analisados (três, seis e 12 meses).
Resultados do Mounjaro
Os ensaios clínicos do Mounjaro, conduzidos pela Eli Lilly, demonstraram uma redução média de peso corporal de 21,1% após 12 semanas e uma perda total de 26,6% ao longo de 84 semanas. Em termos absolutos, isso se traduz em uma perda de peso que varia entre 5 kg e 11 kg, dependendo da dose e do perfil do paciente. Esses números refletem a capacidade do Mounjaro de promover uma perda de peso significativa e sustentada.
Resultados do Ozempic
Por outro lado, os estudos da Novo Nordisk sobre o Ozempic indicam uma redução média de 15% no peso corporal após 68 semanas, com uma perda de peso que varia entre 4,2 kg e 6,3 kg. Embora esses resultados sejam impressionantes, eles são inferiores aos observados com o Mounjaro, especialmente em prazos mais longos.
Implicações dos Estudos
Os dados sugerem que o Mounjaro pode ser uma opção mais eficaz para pacientes que buscam tanto o controle do diabetes quanto a perda de peso significativa. No entanto, é importante notar que o Mounjaro ainda não foi aprovado no Brasil para o tratamento da obesidade, sendo indicado apenas para diabetes tipo 2. Já o Wegovy, com semaglutida, é a opção aprovada para perda de peso no país.
Efeitos Colaterais e Segurança
Tanto o Ozempic quanto o Mounjaro apresentam efeitos colaterais semelhantes, principalmente de natureza gastrointestinal. No entanto, o estudo SURPASS-2 revelou que os efeitos colaterais do Mounjaro podem ser mais frequentes e, em alguns casos, mais graves. Os sintomas mais comuns incluem:
- Ozempic: Dor abdominal, constipação, diarreia, náusea e vômito.
- Mounjaro: Além dos sintomas mencionados, pode causar indigestão e, em alguns casos, doenças gastrointestinais mais severas, levando a uma maior taxa de interrupção do tratamento.
Dada a possibilidade de efeitos adversos, é fundamental que o uso desses medicamentos seja acompanhado por um médico especialista. A consulta com um endocrinologista ou outro profissional de saúde qualificado (como o Nutrólogo) garante que o tratamento seja personalizado, minimizando riscos e maximizando benefícios.
A Importância da Reeducação Alimentar e do Exercício Físico
Embora medicamentos como o Ozempic e o Mounjaro sejam ferramentas poderosas para o controle do diabetes e a perda de peso, o emagrecimento saudável e sustentável requer uma abordagem mais ampla.
O ideal é emagrecer através de reeducação alimentar, seguimento de um plano alimentar individualizado (ou seja, uma “dieta” específica para a pessoa), e treinando regularmente.
A reeducação alimentar envolve adotar hábitos alimentares equilibrados, com foco em alimentos integrais, ricos em nutrientes e com controle de porções, em vez de dietas restritivas ou temporárias.
Um plano alimentar individualizado, elaborado por um nutricionista, considera as necessidades calóricas, preferências alimentares, condições de saúde (e financeiras), tempo de dedicação à dieta e objetivos do paciente. Esse plano pode incluir:
- Consumo balanceado de macronutrientes: Proteínas magras, carboidratos complexos e gorduras saudáveis.
- Aumento de fibras: Frutas, vegetais, grãos integrais e leguminosas para promover saciedade e melhorar a saúde intestinal.
- Controle de açúcares e gorduras saturadas: Reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados e bebidas açucaradas.
Além disso, a prática regular de exercícios físicos é essencial para potencializar a perda de peso e melhorar a saúde geral. Atividades como musculação, exercícios aeróbicos e treinos de alta intensidade (HIIT) ajudam a aumentar o gasto calórico, melhorar a composição corporal e manter a massa muscular durante o processo de emagrecimento.
A combinação de medicamentos como Ozempic ou Mounjaro com reeducação alimentar e exercícios físicos pode maximizar os resultados, promovendo não apenas a perda de peso, como a melhora da saúde metabólica, cardiovascular e mental.
Considerações Éticas e Sociais
O uso de medicamentos como Ozempic e Mounjaro para perda de peso, especialmente fora de sua indicação primária (diabetes tipo 2), levanta questões éticas e sociais. A popularidade desses medicamentos, amplificada por celebridades e influenciadores nas redes sociais, tem gerado uma alta demanda, resultando em escassez em algumas regiões para pacientes que dependem deles para o controle do diabetes.
Além disso, o acesso a esses tratamentos pode ser limitado por questões financeiras, já que ambos os medicamentos têm custos elevados e nem sempre são cobertos por planos de saúde.
Outra preocupação é a pressão social por padrões estéticos inatingíveis, que pode levar ao uso indiscriminado desses medicamentos sem supervisão médica. Isso reforça a importância de campanhas educativas que promovam a saúde integral, destacando que a perda de peso deve ser um objetivo secundário ao bem-estar geral.
Perspectivas Futuras
O avanço na pesquisa de medicamentos como o Mounjaro e o Ozempic representa um marco no tratamento do diabetes tipo 2 e da obesidade. Novas moléculas e combinações de agonistas hormonais estão em desenvolvimento, prometendo maior eficácia e menos efeitos colaterais.
Ainda, estudos futuros podem explorar o uso desses medicamentos em outras condições metabólicas, como a esteatose hepática (gordura no fígado) e a síndrome dos ovários policísticos (SOP).
Enquanto isso, a comunidade médica continua a enfatizar a importância de abordagens integradas, combinando farmacoterapia, mudanças no estilo de vida e apoio psicológico para alcançar resultados sustentáveis.
Conclusão
O Ozempic e o Mounjaro são medicamentos revolucionários no tratamento do diabetes tipo 2, com benefícios adicionais na perda de peso. O Mounjaro, com sua ação dupla sobre os receptores GLP-1 e GIP, parece oferecer maior eficácia na redução de peso em comparação com o Ozempic, embora ambos apresentem efeitos colaterais que requerem monitoramento médico.
No entanto, o emagrecimento saudável vai além do uso de medicamentos. A reeducação alimentar, o seguimento de um plano alimentar individualizado e a prática regular de exercícios físicos são fundamentais para resultados duradouros e para a promoção da saúde integral.
Antes de começar qualquer tratamento, é super importante conversar com uma nutricionista para garantir que tudo seja seguro e feito sob medida para você. Eu sou a profissional certa para te ajudar a conquistar seus objetivos de forma saudável e duradoura!
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