Compartilhe este post:

A gravidez é um período de alegria, expectativa e muita informação. Entre conselhos de avós e dicas das redes sociais, a nutrição adequada deve ocupar um lugar de destaque, levantando questões sobre o que é seguro ou não consumir. Um dos temas mais discutidos é o consumo de canela e de chá de canela.

Na minha gravidez mesmo, ouvi muitos assuntos relacionamentos a alimentos e que deveriam (ou não) ser consumidos naquele momento. Como nutricionista, vejo que cada vez mais é essencial desmistificar informações, oferecendo um olhar científico sobre essas crenças populares, especialmente a ideia de que a canela pode ter efeitos abortivos.

O que a Ciência diz?

A canela, especiaria adorada por seu aroma e sabor únicos, é frequentemente citada em listas de alimentos a serem evitados durante a gravidez, principalmente devido à crença de que poderia estimular contrações uterinas ou induzir um aborto. No entanto, essas alegações carecem de embasamento científico sólido. A maioria dos estudos que investigam os efeitos da canela no corpo humano concentra-se em suas propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e sua capacidade de melhorar a sensibilidade à insulina.

Mitos sobre a Canela

O mito da canela como agente abortivo parece ter origens em suas propriedades estimulantes, capazes de aumentar o fluxo sanguíneo em certas áreas do corpo. A extrapolação dessa característica para um risco gestacional não encontra apoio na literatura científica atual.

A maior parte das pesquisas não demonstram uma ligação direta entre o consumo moderado de canela e o risco aumentado de complicações na gravidez ou aborto.

Verdades sobre a Canela

Em quantidades culinárias — aquelas usadas para temperar ou em preparações alimentícias — a canela é geralmente considerada segura durante a gravidez. Seus benefícios para a saúde, como a contribuição para o controle glicêmico, especialmente em indivíduos com resistência à insulina, são bem documentados.

Contudo, a canela contém cumarina, substância que, em altas doses, pode ser tóxica para o fígado. Esse é um aspecto importante a ser considerado, mas as quantidades normalmente utilizadas na cozinha são significativamente menores do que os níveis preocupantes.

Estudos sobre o assunto

  1. Efeitos do uso de plantas medicinais em gestantes: Uma revisão narrativa da literatura abordou o uso de plantas medicinais por gestantes, destacando a importância da cautela devido à presença de substâncias potencialmente ativas e tóxicas em algumas plantas. O estudo enfatizou a necessidade de pesquisas adicionais para validar a eficácia e segurança das plantas medicinais e fitoterápicos durante a gravidez, incluindo produtos à base de canela. A pesquisa indicou preocupações específicas sobre o uso excessivo e inadequado de plantas medicinais que podem levar a efeitos teratogênicos e abortivos, sugerindo um maior rigor na avaliação de sua segurança para gestantes​​.
  2. Guia da Amamentação sobre chá de canela: Este artigo aborda diretamente a questão do consumo de chá de canela por gestantes, salientando que, em pequenas quantidades, o chá de canela é considerado seguro. No entanto, a canela contém cumarina, que em grandes quantidades pode ser prejudicial tanto para a mãe quanto para o feto, afetando a coagulação do sangue e possivelmente o desenvolvimento fetal. A recomendação é que gestantes limitem o consumo de canela a no máximo uma colher de chá por dia (equivalente a cerca de 2-3 paus de canela em um litro de água). Sublinha-se a importância da consulta nutricional antes de incorporar o chá de canela, ou qualquer nova substância, na dieta durante a gravidez​​.

O Caso do Chá de Canela

Especificamente falando sobre o chá de canela, a preocupação aumenta devido à potencial concentração mais elevada de canela em comparação com o uso culinário. Ainda assim, a moderação é chave. Consumido ocasionalmente e em quantidades moderadas, o chá de canela não demonstrou ser prejudicial à gravidez. É importante, porém, que gestantes consultem um nutricionista antes de incorporar qualquer suplemento alimentar ou alteração significativa em sua dieta.

Conclusão

A abordagem mais prudente é o equilíbrio e a moderação. Enquanto nutricionista, sempre enfatizo a importância de uma dieta variada e equilibrada, que inclua alimentos de todos os grupos, ajustados às necessidades individuais da gravidez.

O consumo de canela, seja na alimentação ou como chá, se feito de forma moderada, não deve ser motivo de preocupação excessiva.

Entretanto, cada gravidez é única, e recomendações personalizadas são essenciais. Se você é uma gestante, te oriento a discutir seus hábitos alimentares com um nutricionista, garantindo que suas escolhas alimentares contribuam positivamente para a sua saúde e bem-estar quanto do bebê. Desmistificar é fundamental, mas ouvir o corpo e os conselhos profissionais é primordial.

Clique aqui e marque uma consulta comigo para sanar as suas dúvidas sobre qualquer aspecto da sua alimentação, assim como para ter menos sintomas na sua gravidez e auxiliar no bom desenvolvimento do seu neném!