Frequentemente, ouço as seguintes perguntas:
- “Ana, qual é a melhor opção de adoçante?”
- “Quero emagrecer. Devo usar adoçante?”
- “Tenho diabete, preciso usar adoçante?”.
Continue a leitura e aprofunde mais seus conhecimentos sobre os adoçantes:
Fonte
Os adoçantes são criados a partir de elementos naturais ou artificiais, chamados de edulcorantes. Essas composições químicas priorizam o sabor em detrimento do valor nutricional, muitas vezes.
Os polióis, incluindo eritritol, isomaltitol, lactitol, maltitol, manitol, sorbitol e xilitol, possuem menor teor calórico em comparação ao açúcar, mas sua capacidade de adoçar varia de 45% a 100% em relação ao açúcar. Já os adoçantes como aspartame, acessulfame-K, ciclamato de sódio, neotame, sacarina sódica, sucralose, stevia e taumatina, têm poucas calorias ou são livres de calorias e apresentam uma capacidade adoçante significativamente superior à do açúcar.
Fiscalização
A fiscalização e a segurança dos aditivos alimentares, como os adoçantes, são regulamentadas pelo Comitê Conjunto de Especialistas em Aditivos Alimentares da FAO/OMS (JECFA). Esse órgão define a ingestão diária aceitável (IDA) para cada aditivo. O cálculo é feito multiplicando o peso do indivíduo pela IDA de cada elemento.
A IDA dos polióis é classificada como “não especificada”, indicando que não representam riscos à saúde devido à sua baixa toxicidade conforme dados existentes (Joint FAO/WHO, 2016), podendo ser usados em quantidades adequadas para alcançar o efeito tecnológico pretendido (BRASIL, 1999). No entanto, a ingestão acima de 30/40 g diários pode causar diarreia, inchaço e dores abdominais, logo, recomenda-se moderação e o menor consumo possível.
Observação: “quantidade não especificada” indica que a substância é segura para a saúde nas quantidades que proporcionam o efeito desejado; apesar de o acessulfame-K não conter sódio, deve ser usado com cautela por pessoas com doença renal crônica devido ao seu teor de potássio. (Fonte: SBD 2019-2020).
Embora haja uma recomendação de uso seguro, estudos recentes indicam que o uso regular dessas substâncias pode prejudicar as respostas glicêmicas, aumentar o risco de doenças metabólicas e contribuir para o ganho de peso. Pesquisas atuais sugerem que a intolerância à glicose causada por adoçantes é devido a mudanças na composição e funcionamento da microbiota intestinal.
Por mais que o processo exato ainda não esteja completamente elucidado, suspeita-se que os substitutos do açúcar afetem a diversidade bacteriana e promovam a disbiose. São necessários mais estudos, mas existem várias razões para limitar o uso de adoçantes.
Uso de adoçantes por diabéticos
O emprego de adoçantes pode ser útil no manejo nutricional do diabetes, mas não é indispensável. Seu consumo deve ser moderado e alternado entre os diferentes tipos. Conforme as orientações da SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes):
A redução de sacarose pela indústria alimentícia não deve resultar em um aumento significativo de edulcorantes e outros aditivos em produtos manufaturados. A preferência por alimentos naturais e minimamente processados, e o consumo moderado de alimentos processados e ultraprocessados, devem ser uma prioridade para a população em geral, diabética ou não.
Assim, adaptar o paladar para se acostumar gradualmente a sabores menos doces é fundamental para a saúde. Aos poucos, seu paladar se ajustará, e em breve tudo parecerá excessivamente doce!
Uso de adoçantes para quem quer emagrecer
O uso de adoçantes artificiais por indivíduos que buscam emagrecer é frequentemente visto como uma alternativa prática para reduzir a ingestão calórica sem sacrificar o sabor doce. Contudo, essa estratégia pode ser mais complexa do que parece à primeira vista.
Enquanto os adoçantes proporcionam o sabor doce sem as calorias associadas ao açúcar, eles também podem influenciar negativamente os hábitos alimentares e a percepção de doçura. Estudos indicam que o consumo regular de adoçantes pode aumentar o desejo por alimentos doces e, paradoxalmente, levar a escolhas alimentares que contribuem para o ganho de peso.
Além disso, a eficácia dos adoçantes na gestão do peso a longo prazo ainda não é totalmente clara, e existem preocupações sobre possíveis efeitos na saúde metabólica e na microbiota intestinal.
Portanto, para quem busca emagrecer, é essencial abordar o uso de adoçantes dentro de um contexto mais amplo de uma dieta equilibrada e hábitos de vida saudáveis, sempre com orientação de um nutricionista.
Qual adoçante eu indico?
Quem nunca foi colher um exame de sangue e tomou um cafezinho depois no local, colocando um adoçante com sabor ruim, que “ficou” na língua e nos lábios um tempão? Eu já, e antigamente achava que todo adoçante era assim, deixava um sabor residual.
Aqui, temos que avaliar não apenas a parte nutricional (segurança e tipo de adoçante), mas também o sabor. Tem pacientes que odeiam adoçantes a base de stévia, outros já não podem ver acessulfame, e assim por diante.
Em 2017, quando trabalhava no HCRP (Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto), experimentei pela primeira vez um adoçante da Zero Cal à base de Sucralose (ele também possui acessulfame de potássio), que era o usado nas preparações dos pacientes com dieta sem açúcar.
Uma copeira, a Lúcia, foi fazer vitamina um dia para os pacientes do 5º andar (Unidade Metabólica) e me mostrou que usava ele. Fiquei impressionada com o quanto ele era saboroso, parecia que ela tinha colocado açúcar!
É o único edulcorante extraído da cana-de-açúcar, por isso seu sabor é tão parecido com o do açúcar. Pode ser usado em qualquer temperatura, pois não perde o seu poder de dulçor.
Desde então, só utilizo ele (seja para adoçar chá, suco,etc.). Além do sabor (que de fato segue o que está em seu slogan – Sabor doce como o do açúcar), o custo-benefício é excelente: tem um preço bem acessível e é fácil de encontrar (até nas cidades bem pequenas que trabalhei, achava dele).
Resumindo
O uso de adoçantes (principalmente, na busca pela perda de peso) é uma questão que requer uma avaliação cuidadosa e individualizada. Embora ofereçam a vantagem de reduzir a ingestão calórica proveniente do açúcar, os adoçantes artificiais não são uma solução mágica para o emagrecimento. Seu impacto sobre a percepção de doçura, os hábitos alimentares, a microbiota intestinal e o metabolismo sugere que eles devem ser usados com moderação e conscientemente, como parte de um plano de alimentação mais amplo e equilibrado.
É crucial reconhecer que a perda de peso sustentável e saudável (bem como a manutenção dos níveis de glicose no sangue dos diabéticos) vai além da simples substituição de açúcar por adoçantes. Envolve uma abordagem holística que inclui uma dieta balanceada, atividade física regular, e, sobretudo, uma reeducação alimentar focada em alimentos integrais e menos processados.
Em vez de depender exclusivamente de adoçantes para reduzir calorias e para cortar o consumo de açúcar, a promoção de uma relação saudável com a comida e o entendimento de seus efeitos sobre o corpo são fundamentais.
Se ainda assim você consideram o uso de adoçantes como parte essencial de sua estratégia de emagrecimento, é recomendável que você se consulte com um nutricionista. Ele é o profissional habilitado a dar orientações personalizadas e baseadas em evidências, garantindo que as escolhas alimentares contribuam positivamente para os objetivos de saúde e bem-estar. Clique aqui e agende a sua consulta comigo!